quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

'Salem - Stephen King

Última leitura de 2015 escolhida a dedo. Queria fechar com o autor preferido e escolhi 'Salem, publicado outrora como 'A Hora do Vampiro'.

Como fã de Stephen King imaginava que seria uma leitura com momentos tensos e alguns momentos divertidos, mesmo engraçados, e foi exatamente o que encontrei neste livro.

Segundo livro publicado de King, 'Salem é uma história sobre vampiros, sobre a luta entre o Bem e o Mal e sobre a Fé. 

Ben Mears volta para cidadezinha de Jerusalem Lot buscando a recuperação emocional de um trauma de sua infância e acaba sendo "presenteado" com mais emoções controversas, dolorosas e ruins. E, além de Ben, temos o adorável, e extremamente bravo, Mark Petrie. Dois personagens incríveis e bem trabalhados pelo autor.

King gosta de explorar o sobrenatural e neste livro ele o coloca sob uma perspectiva bastante interessante, colocando um professor cético, agnóstico - e cardíaco, para conhecer e combater o Mal, utilizando para isso livros que remetem à literatura de horror, lendas e histórias de terror que todos desprezam como "contos da carochinha".

A construção da história é bastante interessante, pois, de certo modo, ele leva o leitor, faltando 150 páginas para acabar, a reler o prólogo, onde já é possível identificar alguns traumas e vínculos.

Os personagens tem uma boa profundidade. Mesmo aqueles que poderiam ser rasos, apenas para "encher a história", têm parte na trama, que funciona bem, mas poderia ser um pouquinho mais curta.

Em alguns momentos, talvez pela ânsia de escrever uma boa história (lembremos aqui que este livro veio em sequência à Carrie), King acaba exagerando um pouco nas descrições de momentos, lugares, emoções, provocando uma certa fúria no leitor que quer saber o que vai acontecer sem precisar pular as páginas, porque talvez naquele parágrafo possa ter algo relevante além da cor e da altura da grama do Monte Marsten.

King, como sempre, trabalha bem com as emoções do leitor, provocando raiva, insatisfação, medo, alegria e tristeza, tudo ao mesmo tempo e durante a leitura de um mesmo livro. No final, me surpreendi, pois ele não deixa a brecha que imaginei que deixaria e fecha a história de maneira magistral.

Não leva o título de Mestre do Horror à toa. 

Nota 9! 

sábado, 26 de dezembro de 2015

O Jantar - Herman Koch

Buscando uma leitura alternativa entre os temas mais comuns que costumo ler e, além disso, uma leitura gostosa e tranquila para este período de recuperação de energias, escolhi O Jantar, do autor Herman Koch

Encontrei, parcialmente, aquilo que buscava.

Neste livro, Koch apresenta um drama familiar que, teoricamente, seria resolvido durante um jantar num restaurante extremamente disputado pelos clientes, mas com reserva garantida para um político local super conhecido - claramente, o autor nos mostra a "corrupção" que ocorre por baixo dos panos, e que, num contexto geral bem amplo, não é considerada corrupção.

Os irmãos Lohman, Serge e Paul, e suas esposas, Babette e Claire, combinam este jantar para 'resolver' um problema em que os filhos se envolvem, que pode tomar grandes proporções, mas passíveis de penas brandas conforme as leis de Amsterdã. Apesar da brandura da pena, Paul, Claire e Babette não desejam que seus filhos sejam estigmatizados na sociedade em que vivem, o que poderia dificultar seu desenvolvimento social e profissional.

Apesar da premissa de suspense, a história, narrada em primeira pessoa por Paul, começa bem devagar, quase levando o leitor a desistir e buscar outro livro. Girando muito em torno de questões psicológicas, o autor apresenta situações delicadas no trato entre pessoas e, ainda mais delicadas, quando determinado ponto de vista não agrada ao interlocutor. Da metade para a frente, quando surgem as explicações e enfrentamentos é que a leitura flui de maneira bem agradável, fechando, magnificamente, o quebra-cabeças apresentado pelo narrador.

Há momentos dignos de uma grande história, muita ironia, até mesmo o sarcasmo aparece em determinados momentos, mas o que se sobressai desta história é realmente o quanto uma determinada situação pode provocar a fúria em alguém que não consegue se controlar, deixando impressões no leitor de que muito poderia ser diferente se os personagens não parecessem tanto com pessoas reais. E, além disso, há diversas referências cinematográficas bastante interessantes.

Acredito que o grande mote desta história é esse: mostrar uma realidade através da ficção, utilizando para isso diversos recursos que, na literatura, são bem aceitos e vistos como figuras de estilo e linguagem, pois não é sempre que alguém "explode" e a família distorce a situação.

Nota 8,5.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Prato Sujo - Como a Indústria Manipula os Alimentos para Viciar Você - Marcia Kedouk

Há alguns anos começaram algumas desmistificações em relação a alimentos, seja porque as pessoas têm apresentado maior índice de excesso de peso, seja porque algumas doenças que antes só existiam em idosos agora estão presentes em crianças e adolescentes, seja porque a comida tem sido demonizada ou vangloriada em diversos aspectos, por diversas pessoas.

Quando lançado, em 2013, como uma publicação da Revista Superinteressante, provocou um certo 'rebuliço', pois Prato Sujo, da jornalista Márcia Kedouk, tenta trazer algumas verdades sobre o modo como a nossa comida de cada dia é mostrada e produzida e isso interessa, e muito, às indústrias. E a indústria alimentícia é uma das maiores do mundo - afinal, ninguém vive sem comida.

Kedouk apresenta neste livro informações bastante relevantes - e interessantes - sobre o consumo do açúcar, sal, gordura e tantos outros alimentos que podem ser prejudiciais se consumidos em excesso - coisa que, de fato, acontece, e não apenas no Brasil, como em diversos outros países do mundo, além de também mostrar o lado da agricultura familiar e dos alimentos orgânicos, apresentados sob a promessa de resolver os males do mundo - o que, sabemos bem, não é verdadeiro.

Do ponto de vista técnico, os dados são bastante relevantes, embasados em referências e depoimentos válidos, como, por exemplo, quando cita a quantidade de açúcar consumido por crianças até 10 anos provenientes de bebidas açucaradas durante um ano: 21 quilos. E essa quantidade só aumenta quando falamos de adolescentes e adultos, chegando a uma média de mais de 30 quilos por ano de açúcar - sem contar os demais alimentos, apenas as bebidas como sucos e refrigerantes.

A leitura é bastante gostosa, interessante, trazendo informações sobre alimentos do dia a dia, mas não para demonizá-los ou santificá-los, mas para mostrar o quanto não sabemos sobre determinados alimentos industrializados, como, por exemplo, que aqueles tabletinhos de caldo de carne e de galinha têm mais açúcar, sal e gordura do que caldo de carne ou de frango propriamente dito.

Fala das dietas, com propriedade, mostrando que precisamos - e podemos - comer de tudo, moderadamente, para viver bem, de como os alimentos orgânicos são difíceis de produzir e distribuir e, que , por isso, são tão caros e, muitas vezes, inacessíveis à maioria da população, da Revolução Verde, que provocou o boom no uso de agrotóxicos e pesticidas visando aumentar a produção de alimentos para suprir, e sanar, a fome mundial.

No final, cita o movimento Slow Food, que teve início na Itália e que busca uma alimentação mais caseira, familiar, confortável, desacelerada... Tudo o que tínhamos há anos atrás, quando tínhamos saúde e peso adequado, não excessos, excessos e excessos, em diversas áreas.

Vale muito a pena a leitura.

Principalmente para quem é da área de alimentos.

Nota 10!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A Menina Submersa: Memórias - Caitlin R. Kiernan

Mais uma vez a Editora DarkSide Books faz a diferença.

A promessa de apresentar novos autores, com histórias obscuras, de Terror e Fantasia se faz presente em todos os livros da editora, mas A Menina Submersa: Memórias é totalmente diferente de tudo isso, ainda que se enquadre nestas premissas.

O livro trata das memórias de uma garota com diversos problemas psiquiátricos e psicológicos, escrito e descrito por ela mesma, onde ela própria retrata, de maneira bastante confusa, os complicados desafios de sua própria vida.

Primeiro livro da autora, o texto é carregado, cheio de referências culturais de diversas épocas, além de várias situações de confusão mental da protagonista, o que dificulta a relação do leitor com a história.

O livro trata de situações de cotidiano, mas com conflitos de personalidade bastante importantes. 

A história aqui apresentada por Kiernan não facilita, tornando o texto complexo e de difícil compreensão, com uma prolixidade desnecessária e passagens bastante dispensáveis, que, talvez, se ausentes, tornariam o livro uma verdadeira obra de arte.

Por se tratar de fatores conflituosos da mente de Imp, torna-se ainda mais difícil de entender o ponto de vista da autora, em um vai-e-vem que torna a história cansativa e um tanto chata de ler, pois se repete em diversos pontos no decorrer das 306 páginas.

 As edições apresentas pela DarkSide Books são lindas, com capas bem desenhadas, arte interna do livro bastante elaborada e a edição de capa dura, limitada, contribui ainda mais para chamar a atenção para a obra.

Desafiador - esta, talvez, seja a palavra para descrever categoricamente este livro.

As costuras finais da história de Imp, Eva, Abalyn e todos os outros fantasmas psíquicos presentes nestas páginas, crescem exponencialmente quando comparadas ao início do texto.

No final, ainda que com todas as dificuldades e desafios apresentados pela autora, é possível perceber traumas e vivências pessoais que podem transformar a visão de alguém - principalmente se esse alguém apresenta dificuldades de convivência, psicológicas, familiares ou de qualquer outra ordem que envolva relações, inter ou intrapessoais.

É um livro para ler com bastante disposição, querer e vontade, mas que no final presenteia o leitor com um enredo muito bonito de enfrentamento e vitória.

Apesar dos desafios, vale a leitura. 

Vale ainda mais a sua presença na estante e a compensação de conseguir enfrentar uma história tão desafiadora.

Nota 8.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Annie - Thomas Meehan

Annie é uma garotinha de 11 anos que foi deixada em um orfanato pelos pais e que, durante muitos anos, aguardou seu regresso.

Originalmente escrita par ser um musical da Broadway e, posteriormente, transformada em um livro, esta história divertida e cativante já foi assistida no teatro e no cinema e, além disso, lida nos livros em suas várias edições no decorrer dos últimos anos.

Com um texto simples, dinâmico, super agradável e divertido, Meehan nos apresenta Annie, suas amigas, o lugar em que vive e todas as agruras de ser criada por uma terrível megera, a srta. Hannigan.

Porém, confiante, otimista e desafiadora que é, Annie passa por diversas situações, onde aprende e ensina muito e para muita gente. Inclusive ao leitor.

Em toda a sua simplicidade, a protagonista nos mostra a importância do amor, do carinho e de acreditar naquilo que se deseja verdadeiramente.

Uma história linda, com momentos tristes e alegres, que cativa o leitor, levando a rir e, até, chorar em diversos momentos.

Eu, ainda, não assisti ao filme, apesar de antigo e de já ter um remake (politicamente correto), mas certamente esta é uma história para ver e rever, em toda a sua plenitude, seja em uma peça, um musical, um filme ou num livro.

Vale muito cada minuto investido nestas páginas.
Para ler, e reler.

Nota 10!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Caixa de Pássaros - Josh Malerman

Com uma premissa interessante, instigante, Caixa de Pássaros promete ao leitor um passeio aterrorizante, tenso e de muito terror.

Romance de estreia do autor Josh Malerman, este livro é, de fato, tenso, levando o leitor por caminhos altamente sugestivos, de muito medo e terror, inclusive por ser possível o próprio leitor pensar em como seria se isto acontecesse de fato.

Uma praga atinge o mundo. Entretanto, ninguém consegue descobrir nada sobre esta praga, justamente pela loucura que ela promove naqueles que olham, que vêem. Sem saber para o que, ou como, cada pessoa é atingida e daí tudo o que acontece é, simplesmente, muito bem escrito e descrito pelo autor.

Apesar de facilmente se enquadrar na categoria Terror, Caixa de Pássaros, antes disso, é um suspense fantástico, eletrizante, que provoca uma leitura rápida e muita tensão e momentos de respiração suspensa - esteja o leitor onde estiver.

Com quase 300 páginas, a leitura é rápida, fluida, gostosa, trazendo momentos de pura tensão e medo. 

Resumindo, cumpre a promessa de aterrorizar com muito louvor.

O final, surpreendente, mostra o quanto a humanidade é pequena e frágil, sempre precisando de um apoio, sempre precisando de auxílio.

Malerman iniciou muito bem e, se continuar com obras neste nível, certamente poderá ser considerado um substituto, à altura, de Stephen King, quando, e se, ele partir para outros mundos.

Vale cada minuto e cada virada de página. Sendo também muito recomendado por outros leitores que apresentam resenhas em diversos blogs, como o Biblioteca do Terror.

Nota 10!

sábado, 24 de outubro de 2015

2001 Uma Odisséia no Espaço - Arthur C. Clarke

Escrito entre 1964 e 1968, utilizando uma cientificidade que, para aquela época, era inédita, Arthur C. Clarke nos deixa uma obra fantástica, onde explora as viagens espaciais ainda por existir e a teoria do 'multiverso', de que não estaríamos sozinhos e que a Terra não é o único planeta a ter vida.

Aqui temos teorias incríveis sobre as possibilidades de conhecimento, sendo o homem um produto moldado por um ser maior, uma 'inteligência superior', de onde todos viriam e para onde todos vão, alguns com potenciais maiores, outros menos providos e que precisariam de mais tempo para alcançar os objetivos especificados por esta inteligência.

Explorando todas as possibilidades, com um texto riquíssimo em detalhes e informações que surpreendem, Clarke nos leva a viajar com os astronautas em uma nave hiper inteligente, enfrentar um robô déspota e encarar a morte por um aspecto completamente inesperado - se é que se pode considerar isso como tal.

Utilizando teorias existenciais que já figuram entre filósofos e outros estudiosos da evolução humana, Clarke demonstra ser bom conhecedor das diversas teorias do desenvolvimento humano, associando-as, muito satisfatoriamente, aos conhecimentos sobre informática e robótica, que àquela época, ainda eram escassos, talvez pouco divulgados.

Este é um livro para ler desejando ler suas continuações - 2010  e 3001 e só então, apesar de não estarem interligados, assistir ao filme de Stanley Kubrick.

Uma ótima dica e uma ótima leitura!

Nota 9,5!

sábado, 3 de outubro de 2015

666 - O Limiar do Inferno - Jay Anson

Escolhido ao acaso, eu esperava mais deste livro.

Conhecido pelo livro que deu origem ao filme "Horror em Amityville", livro este considerado bem melhor que 666 - O Limiar do Inferno.

A premissa é aterrorizar, porém logo no início da trama, tentando envolver o leitor, o autor peca no excesso de detalhes, tornando a leitura cansativa.

Com detalhes demais, ao chegar à metade do livro, leitores experientes conseguem facilmente prever o final da história, porém, há que se dar o devido crédito ao autor: a reversão de papéis é surpreendente.

No texto carregado de fatos históricos, bastante interessantes por sinal, Anson, aos poucos, cria uma atmosfera assustadora e tensa, instigando o leitor a prosseguir e querer chegar até o final do livro, mesmo que em determinados momentos pareça quase impossível continuar devido aos excessos do autor.

Os personagens, apesar de bem detalhados e com relações bem estabelecidas, são rasos e, em determinados momentos, inúteis.

São diversas situações que favorecem positivamente a história, mas nada que se possa considerar lógico, ainda que a história se passe na década de 70, pois, mesmo neste período, informações, jornais e telefonemas já corriam o país - no caso, os Estados Unidos da América - obrigando o leitor a creditar certa futilidade às palavras do autor.

De uma maneira geral, vale a pena ler este livro - ainda mais quando não houver nada mais interessante na fila de 'próximas leituras'. Considerei muito melhor a trama da metade para a frente, onde os excessivos detalhes e personagens dão razão à história. 

E mesmo que se diga que o início do livro deve preparar o leitor para história, começar a desenvolver a trama na metade da história é um certo exagero.

Nota 8.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A Metamorfose - Franz Kafka

Um dos grandes clássicos da literatura mundial, A Metamorfose, de Franz Kafka, reflete muito do que vivemos socialmente  nos dias atuais.  Ainda que tenha sido escrito há mais de um século.

Aqui, o protagonista vive um dilema existencial,  de onde passa de provedor da família a estorvo e complicador das relações familiares e sociais.

Gregor Samsa trabalha com algo que não gosta, mas que subsidia a família de forma bastante conveniente,  permitindo certa liberdade nas relações entre os pais e a irmã,  porém, a partir de sua metamorfose, esta conveniência  escorre pelo ralo, obrigando a família a buscar alter alternativas e, desta forma, subsidiar Gregor, além de precisar suportar sua asquerosidade.

O conflito se apoia justamente na questão dos interesses, levando o leitor a questionar até que ponto o rapaz era de fato amado e respeitado pela família e também em seu local de trabalho,  de onde sai um patrão muito indignado e cobrador de situações nunca antes expostas a Gregor.

A escrita do autor, apesar de embaraçada, é bastante simples,  com diversos momentos de sátira aos grandes conceitos sociais, familiares e de respeito, componentes da sociedade atual e, além disso  uma crítica ferrenha aos moldes econômicos do capitalismo,  baseado no interesse, na produção,  no lucro, enxergando o ser humano como um inseto asqueroso a partir do momento em que este já não lhe oferece o que deseja.

Com poucas páginas,  é uma leitura que permite ao leitor grandes questionamentos sobre si e suas relações de toda ordem, além de garantir momentos de comicidade bastante interessantes.

Nota 8,5!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Nas Asas do Águia - Cristiane Peixoto

No primeiro final de semana de setembro  fomos à  Bienal Rio. Um domingo,  mas sem desanimar, apesar de todo o cansaço.  


Como bons leitores e buscadores de bons livros em ofertas  - que  havia de montão  naquele dia -, andamos um bocado.

Ao chegar ao estande de uma grande editora,  fui abordada por uma autora nova,  que estava lançando seu primeiro livro  e que foi de uma simplicidade e doçura  salutares. Sendo o livro de um tema bastante interessante,  apesar de ser uma autobiografia.

Em Nas Asas do Águia, Cristiane Peixoto nos mostra como foi muito de sua vida. Suas lutas,  suas buscas, seus medos e enfrentamentos, que mesmo chorando tristemente teve a humildade de buscar e aprender.

O livro nos remete a muito do que se lê em matéria de auto conhecimento: a Fernão Capelo Gaivota, Ilusões  e Longe é um lugar que não existe, todos de autoria de  Richard Bach, até  a livros como A Profecia Celestina e suas continuações.

É  uma história muito gostosa, que nos faz, rir, corar, chorar, ficar pensativa e nos passa e permite tantos sentimentos...

Achei muito bom e interessante. Vale bastante a leitura.

Nota 9!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O Último Patriota - Brad Thor

Brad Thor atuou no Afeganistão  e fez parte dos serviços militares dos E.U.A., utilizando de maneira bastante interessante seus conhecimentos e recursos para produzir este romance.


Baseando-se na história do Islamismo,  mas alterando determinados fatos históricos e criando alguns outros a favor de sua obra, o autor nos apresenta uma história interessante, gostosa de ler, com muitos dados técnicos que deixam o leitor de queixo caído mediante tantas informações sobre os militares norte-americanos.

Basicamente, uma descoberta pode mudar toda a história da religião islâmica,  e para impedir que isso aconteça,  alguns fundamentalistas precisam exterminar aqueles que desejam expor essa descoberta.  Nesse ínterim, um agente do FBI afastado acaba se envolvendo sem querer na história,  sendo o grande 'mocinho' das histórias do autor,  pelo que pesquisei.

Pode ser lido em sequência ou independente,  como eu fiz,  mas de todo modo é um livro que prende a atenção,  desperta o interesse e a curiosidade do leitor, provocando certo êxtase em determinados trechos e uma breve sensação de vazio em outros.

De tal modo é,  que no final, esperando um fechamento interessante,  o leitor recebe apenas um  "mais-do-mesmo", apesar de apresentado de forma diferente e que poderia ser, de fato,  diferente.

Apesar de tudo isso,  vale a pena a leitura.

Nota 8.

sábado, 29 de agosto de 2015

Cuco - Julia Crouch

Que livro!

Em um suspense psicológico,  carregado de segredos, de culpa, escolhas estranhas e autocomiseração, Julia Crouch nos presenteia com a história de Rose e Polly.
Amigas de infância, conhecedoras dos segredos uma da outra, parceiras. Mas até que ponto? E, até que ponto Rose realmente conhece Polly? Até onde chega a confiança delas?
Essa é  a principal artimanha da autora deste livro, que mostra claramente o cuidado e a genialidade da construção de um suspense,  procurando, e dando, profundidade em personagens que teriam tudo para ser rasos e simples.
A construção da trama é muito boa, partindo da amizade delas e levando o leitor a questionar o comportamento de ambas até o final, onde o surpreendente acontece e mais uma vez deixa o leitor de queixo caído.
Os artifícios psicológicos bem colocados nas situações do dia a dia de um casal e suas filhas, a chegada da amiga e seus filhos, a mudança em toda a rotina por diversos motivos, a construção de uma crise, visível ao leitor atento e perspicaz, fazem deste um dos melhores livros lidos por mim este ano.
Crouch nos transporta para momentos incríveis em lindos campos ingleses,  ao mesmo tempo nos carregando por cenas carregadas de tensão, medo e culpa.
Sem perceber,  é possível que o leitor não queira largar o livro até chegar ao seu final. E quando chegar lá,  vai desejar ter mais algumas páginas para ler...
E, apesar de alguma prolixidade em alguns poucos momentos, este é um livro que eu indicaria facilmente a qualquer pessoa fã de um bom suspense e, mais ainda, de uma boa história psicológica.
Nota 10!

sábado, 22 de agosto de 2015

Eva - Anna Carey


Homens e mulheres,  segregados,  odiando-se.

Um abrigo apenas para mulheres,  seu refúgio e proteção,  onde homens não são permitidos pois sua natureza é violenta e agressiva,  impositiva e desrespeitosa.

É  nesse contexto que Anna Carey baseia sua história.

Uma história distópica, onde uma grande e grave praga matou muitos e um homem assumiu o poder mundial, criando uma "sociedade perfeita", usando órfãos como escravos e poder político para manipular os adultos que sobraram, os convencendo de que era possível construir uma "Nova América".

O contexto é interessante,  remetendo o leitor ao 'Admirável Mundo Novo' de Huxley, porém um tanto surreal, sendo o ano de 2032 onde Eva se percebe na 'selva', apenas 16 anos depois da grande praga - ou seja, ano que vem.

Desconsiderando este pequeno, porém importante, detalhe, a a autora tenta apresentar uma nova visão a outro grande clássico literário, desta vez inglês - O Paraíso  Perdido, de John Milton, sendo, do meu ponto de vista até este momento,  uma tentativa um tanto frustrada.

Eva recebe toda a atenção da autora,  que desvia o foco de todos os demais personagens,  não lhes dando profundidade e local na trama diferente de apenas serem "degraus" para Eva. Caleb, o grande amor, ou mesmo o grande antagonista,  o Rei, não são apresentados ao leitor,  deixando a entender que, talvez nos próximos volumes recebam seus papéis nas palavras de Carey. Talvez.

De um modo geral, a leitura é gostosa,  fluida e com elementos interessantes,  passando um tanto longe da fantasia mas sempre remetendo a ela.

Será uma série em 3 volumes,  tal qual Jogos Vorazes e Divergente, entre tantos outros nos últimos anos,  sendo assim podemos esperar mais profundidade na história, e torcer para que aconteça. Apesar de voltada ao público mais juvenil, pode garantir diversão a todos os públicos,  basta não ser tão exigente, e esperar bastante simplicidade ao pegar este livro para ler.

O segundo volume já foi lançado no Brasil, recebendo o título de Uma vez (Once, em inglês), e já  entrou na fila para os próximos meses.

Nota 6,5!

sábado, 15 de agosto de 2015

A Cidade & A Cidade - China Miéville

Mais um ótimo livro deste autor.

Na excelente tradução de Fábio Fernandes (bastante conhecido pelas traduções da Editora Aleph e em livros de ficção científica).

Miéville nos apresenta aqui uma situação interessante: mesmo espaço geográfico,  duas cidades, em países diferentes.  Como isso é possível? É o primeiro pensamento que surge. Não o último.

Incrivelmente, o autor explora muito bem a realidade fantástica de Beśzel e Ul Qoma, cidades diferentes, em países diferentes,  mas que dividem o mesmo espaço geográfico, tornando possível a ocupação do mesmo espaço por dois "corpos" diferentes. 

Quando um crime acontece e a polícia do local não acredita ter meios de resolvê-lo, tenta passar a competência para a única esfera que é capaz de tudo: a Brecha. E muito acontece,  em diversas situações, transformando esse enredo, sem perder o fio da meada nas mudanças de comportamento de cada um dos personagens.

Ver e desver, sentir e dessentir, ignorar e fingir que nada aconteceu sem dar ênfase aos próprios pensamentos para não  violar uma das maiores leis locais,  compartilhadas por ambas as cidades e seus cidadãos: fazer brecha.

No início,  é complicado entender esse recurso explorado pelo autor,  porém logo nos primeiros capítulos fica claro para o leitor como deve ser essa leitura: rica em detalhes,  nuances e de muita figuração.

Utilizando livremente os recursos de linguagem e unindo diversos temas bastante explorados na literatura,  como a fantasia e, ao mesmo tempo,  a ficção científica, o policial e o suspense, Miéville demonstra claramente que é um dos grandes autores deste momento, utilizando seus conhecimentos de forma magistral,  para nos presentear com essa fantástica história onde utiliza muito bem elementos de suspense,  medo, obediência, diferenças e percepções, tantas vezes sendo necessário ignorar ou valorizar uma ou outra no decorrer das páginas.

Depois de Rei Rato, não esperava menos. 


Resta-nos agora esperar que a Boitempo Editorial traga os demais livros do autor e que sejam tão bons quanto esses dois.

Nota 9,5!

domingo, 9 de agosto de 2015

A Evolução de Calpúrnia Tate - Jaqueline Kelly

Narrado  em primeira  pessoa,  contando a história de como conheceu o avô que morava na mesma casa mas era muito isolado,  e sua própria história, quando começa a se perceber e a se questionar sobre todos os costumes e habilidades que são  esperados de uma mulher, ainda no final do século XIX.


Calpúrnia Tate é uma menina  de quase-doze-anos, que não gosta de trabalhos manuais, mas precisa aprendê-los mesmo assim. Em um determinado momento encontra no avô,  tão afastado e amedrontador,  um verdadeiro companheiro de aventuras e descobertas.

O ano é 1899 e para meninas como Calpúrnia é necessário obedecer a família,  a ordem e os bons costumes,  aprender a gerir uma casa e a gerar uma família só sua - seus descendentes. Não lhe é permitido ler livros como A Origem das Espécies, Charles Darwin,  mas apenas livros de culinária e afazeres domésticos,  além de aprender a bordar, tricotar, tocar piano e cuidar de crianças - coisas que ela questiona quando passa a se relacionar mais próxima do avô.

O livro é bastante gostoso de ler, cheio de questionamentos sobre a vida, sobre as percepções das coisas ao seu redor,  sobre a importância que é dada a determinadas situações,  comportamentos e pessoas.

Em uma história divertida,  simples, porém profunda, a autora nos leva a pensar nas muitas vezes em que deixamos de viver ou fazer algo por conta de conceitos sociais. E mesmo que pensemos que não o fazemos,  quando nos voltamos para nossos próprios pensamentos percebemos que não é bem assim.

Vale muito investir um tempo nesta leitura. A autopercepção que fica atrelada a ela é  gigantesca.

Nota 9!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Fúria - Stephen King

Publicado em 1977, sob o pseudônimo de Richard Bachman, Fúria apresenta a história de Charlie Decker, uma verdadeira bomba relógio programada  pela família e pelo sistema, este, considerado por ele, não  tão  válido  para o aprendizado que julga ser adequado.


A história começa com Charlie sendo chamado à secretaria da escola para reavaliação de seu comportamento em uma situação com um professor que é esclarecida posteriormente ao leitor e mostra, claramente,  a perturbação mental do garoto. Ainda que no decorrer da trama a formação de caráter do rapaz deixe bem clara suas influências e justificativas psicossociais, não é possível considerá-las justificáveis,  o que torna o comportamento dos colegas de classe de Charlie bastante questionável.

Percebe-se aqui a alteração do perfil do algoz - Charlie -, que passa a ser, então, uma espécie de herói adolescente, tornando perceptível que o grupo de adolescentes é cheio de conflitos pessoais e sociais.

A 'lavagem de roupa suja' que ocorre dentro deste grupo, sendo guiados por um outro adolescente,  este com sérios problemas psicológicos,  é bastante interessante,  pois mostra como basta acreditar numa ameaça potencial para que aqueles que não se suportam se unam em defesa ao agressor, estranhamente não identificado em Charlie,  que passa boa parte da trama sobre o cadáver de uma professora sem se importar com isso.

O livro, de modo geral, vale a pena por ser um dos clássicos do autor,  do início de sua carreira, que foi proibido pelo próprio Stephen King após o episódio do massacre da escola de Columbine, onde encontararam um exemplar do livro no armário do adolescente que promoveu o massacre.

Disponível apenas na antologia Os Livros de Bachman, publicado na década de 80 pela editora Francisco Alves, e em versão digital, é um livro que não merece toda a atenção dispensada por alguns fãs do autor, mas que cumpre seu papel no quesito entretenimento, além de apresentar um bom suspense.

Nota 7,5.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A Extraordinária Tristeza do Leopardo-das-Neves - Joca Reiners Terron

Autor nacional, romance brasileiro ambientado na cidade de São Paulo,  com reminiscências à Segunda Guerra Mundial e à grande migração que formou os vários hábitos culturais da cidade de São Paulo.


Terron nos apresenta uma história rica,  com personagens simples mas que apresenta com profundidade e força, ao mesmo tempo em que os retrata com delicadeza.

Como falar de um serial killer e ao mesmo tempo retratar o declínio cognitivo proveniente do Mal de Alzheimer e, além disso, as aventuras de um jovem apaixonado, a tristeza de um animal que perdeu seu lar e a própria identidade e a psicose de um indivíduo? Além de tudo isso, a dependência de anfetaminas e a insônia de um escrivão de polícia.

Com esses elementos,  de maneira bem distribuída e magistral, o autor nos garante horas de entretenimento bastante positivo,  que, ao mesmo  tempo,  nos faz perceber o quão pequenas podem ser nossas dificuldades ou mesmo nossos anseios.

Utilizando recursos de linguagem,  com elipses e onomatopéias dedicadas ao reforço da trama, Terron demonstra como é possível construir ricamente uma boa história.

"A Tristeza Extraordinária do Leopardo-das-Neves" é um livro que fala de família, de cuidado e autocuidado, de preconceito,  medo, violência e envelhecimento.

Assim, associando elementos  aparentemente bastante divergentes,  o autor obteve e nos presenteia com uma bela história, com os capítulos e subcapítulos muito bem posicionados,  sem deixar pontas soltas, concluindo sabiamente a história de cada personagem.

Uma leitura bastante interessante, principalmente por ser de um autor nacional e mostrar,  além disso, que basta que haja oportunidade e uma boa história para que os bons autores brasileiros sejam conhecidos.

Nota 9!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eu Mato - Giorgio Faletti

Suspense Policial. 


Uma bela história de suspense na perseguição a um serial killer que desafia uma das polícias mais eficazes do mundo - a Sûreté Publique de Monte Carlo.

Faletti nos apresenta uma trama de suspense muito bem construída e muito bem costurada, com bons e bem caracterizados personagens,  com profundidade inesperada para um livro desse gênero.

Sua descrição  do Principado de Mônaco,  das localidades,  das ações e das características de cada um dos personagens (e suas histórias que recebem o devido tratamento no  decorrer  das páginas) é fantástica. Um dos poucos autores a não descaracterizar seu vilão.

As cenas, muitas delas, muito bem desenhadas ao leitor, levando este a sentir-se, de certo modo,  participante da história.

A apresentação e caracterização do vilão é irrepreensível,  permanecendo neste perfil até o final do livro,  mesmo que já identificado durante a trama e citado muitas e muitas vezes.

O  autor nos deixa então uma história quase perfeita,  mas maravilhosa,  que prende a atenção desde a primeira página.

Vale cada minuto  investido nesta ótima leitura.

Nota 9,5!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Neuromancer - William Gibson

Escrito em 1984, este livro é um dos marcos da cultura  cyberpunk, tendo introduzido diversos  elementos na literatura e também colaborado muito em tudo o que vimos no cinema na década de 90 e nos anos 2000. Toda  a cultura literária recebeu influência do autor - de livros a histórias em quadrinhos.

Gibson nos apresenta um mundo pós-apocalíptico, com tantas nuances especiais que, no decorrer do denso texto, podemos ficar levemente confusos com sua temática principal: a ficção científica.

Robôs, realidade virtual, dermoimplantes, próteses e órteses robóticas, drogas sintéticas em escalas gigantescas... Coisas que, de certo modo, engatinhavam no início da década de 80 e que hoje temos a impressão de sempre ter existido.

Através de Case, um cowboy da Matrix (outra grande referência cinematográfica introduzida aqui), Gibson nos apresenta Neuromancer que, apesar da menção à necromancia, só a apresenta, em termos, nos capítulos finais, envolvendo o leitor de outras maneiras, como a dependência do cowboy e sua decadência, Molly, uma cyberninja que tem grande complexidade e provoca até certa confusão no leitor se este não estiver bastante atento ao decorrer da história, assim como outros personagens, alguns bem trabalhados como Peter Riviera e Armitage.

Alguns destes personagens são construídos de forma a "desorganizar" a história, trazendo momentos confusos que, praticamente, obriga o leitor a estar bastante atento e dentro da história, quase um participante, buscando na memória das muitas palavras já lidas sobre as referências e uma ordem lógica no texto.

E este é o grande "tchan" deste livro: não há uma lógica direta, clara, objetiva; muito aqui é subentendido, fica "no ar", porém, em compensação, é deixada ao leitor uma série de situações que ocorrem no mundo real e no virtual, se intercalando e se completando, sendo indepentes apesar da dependentes.

No final, o que fica é a impressão de que não acabou, como se instigando o leitor a buscar os outros dois volumes da Trilogia do Sprawl - Count Zero e Mona Lise Overdrive. Entretanto, podemos acreditar, com sinceridade, que isso nunca termina de fato, pois são infinitas as ideias e as buscas de cada indivíduo em sua realidade - esteja ele dentro de um livro, como seu protagonista, ou vivendo uma vida real, como seu leitor.

Nota 8,5.

domingo, 21 de junho de 2015

A Peculiar Tristeza Guardada num Bolo de Limão - Aimee Bender

Apesar da simplicidade da história,  sua profundidade dificulta um pouco a escrita desta resenha. Como se as palavras escolhidas não estivessem 'adequadas'.

Rose Edelstein tem 9 anos de idade. Aos 9 anos, descobriu ser capaz de sentir o sabor das pessoas, de seus sentimentos,  em tudo o que come. Comer tornou-se, de certo modo, um desprazer - ao qual ela não podia escapar.

Ao mesmo tempo delicado e simples, este livro é de uma profundidade ímpar - mais ainda se prestamos atenção aos detalhes das relações e comportamento de cada um dos personagens.

Aqui, não há um aparente desenvolvimento dos personagens,  tornando a leitura um pouco rasa, entretanto ao se envolver com Rose, Joseph, sua mãe,  seu pai e as relações desenvolvidas no decorrer da história entre estes personagens e os outros apresentados no decorrer das páginas,  conseguimos perceber o quão profundos e complexos cada um deles é, por mais simples que pareçam.

Cada um deles com suas percepções e seus dons, explorados ou ignorados, que transformam este livro numa obra muito boa, mas que pode não agradar a todos os leitores,  justamente pelo modo como é exposta a trama.

Com uma grafia simples, sem exigir demais do leitor, que prende a atenção de modo simples, vale a pena investir algum tempo nesta leitura.

De modo geral, nota 8,5.
Com relação à exploração dos sentimentos, nota 10.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

King of Thorns - Mark Lawrence

Dando continuidade à saga de Jorg Ancrath, depois da leitura de King of Thorns ou Rei dos Espinhos, fica realmente uma sensação um tanto de "O que foi isso?".

Para quem quiser ler a resenha do primeiro livro, Prince of Thorns,  só clicar aqui.

Vamos agora aos comentários sobre este FANTÁSTICO segundo volume da trilogia dos espinhos.

Nele, o autor  nos apresenta um Jorg mais velho, já Rei de seu próprio castelo, mas não menos bélico ou com menos interesse em conquistas.

Seus medos e desejos, sua paixão por Katherine, suas alianças,  tudo muito bem organizado,  ainda que em uma estrutura não linear - o que me incomoda bastante, mas funciona muito bem nesta série maravilhosa, trazida ao Brasil pela incrível Editora Dark Side.

Buscando defender seu trono e suas terras de um príncipe conquistador, que, segundo todas as profecias,  se tornará Imperador, Jorg precisa,  dessa vez, enfrentar seus próprios fantasmas, seus medos, os Magos e Profetas, além de todos os outros que querem sua cabeça - numa bandeja ou não.

As idas e vindas do rapaz, suas estratégias,  seus planos e suas alianças funcionam bem, muito bem, e no final... Bom, o final fica pra quem ler essa linda obra de Mark Lawrence.

De uma forma inesperada,  incrível,  cheia de reviravoltas,  muito sangue e imaginação,  o autor carrega o leitor por momentos de lutas, desafios, medo, respiração suspensa, apreensão e alívio. 

Há momentos de lágrimas também, o que traz um bom equilíbrio à relação de Jorg com seu espectador,  fazendo deste anti-herói, nosso herói. Um herói diferente,  delicado e tenso, com muito a mostrar pelos caminhos que nos leva.

Uma história densa, cheia de ideias pesadas, de sentimentos pesados, política, estratégias,  jogos familiares e muito enfrentamento. Assim é  King of Thorns.

Para ler aos poucos e se lembrar sempre de cada um dos passos, em falso ou não,  de Jorg Ancrath através de um mundo enlouquecido,  que fez de um menino um monstro e que agora o transforma num homem louco e, ao mesmo tempo, são.

Vale cada palavra lida.  Cada página virada é um momento de angústia e prazer.

Nota 9,5! :) 

domingo, 31 de maio de 2015

Anel de Vidro - Ana Luisa Escorel

Depois de um semestre cheio de leituras (de artigos cientificos - último ano de graduação,  TCC... Enfim...), volto aos livros.

Neste reinício,  apesar de estar caminhando com  King of Thorns, de Mark Lawrence, li Anel de Vidro. Literatura brasileira,  recente, escrito por Ana Luisa Escorel, designer e romancista,  filha do crítico Antonio Candido.

Meados do século XX,  uma cidade não claramente declarada, uma estatal apoiada por um Ministério - da Cultura,  talvez? - e quatro pessoas, vivenciando cada um a mesma situação,  sob olhares diferentes.

Nesta história,  bem feita, sobre a crise conjugal  e
a crise que a maioria dos homens vive quando próximos dos 40 anos, sua necessidade de se reafirmar,  se impor socialmente enquanto homem,  a autora nos faz viajar sobre essas relações,  sentir, pensar e, até,  opinar - indiretamente,  claro - na história de cada um. A mulher, o amante,  o marido e a esposa, cada um com seu um olhar sobre a  mesma situação.

Em si, um bom livro,  com uma história bem explorada e escrita, apesar da linguagem mais rebuscada,  relativamente antiga,  que nos faz imaginar ler uma obra de Machado ou Eça.

É  bastante interessante essa leitura, principalmente pelo fato da profundidade psicológica dada a cada um dos personagens,  seus pensamentos e situações de vida que os fizeram chegar onde a história os apresenta.

Na minha opinião,  com mais destaque para a busca constante de afirmação de uma, oprimida pela família,  e pela busca de outro pelo amor daqueles que nunca teve, por suas batalhas internas e constantes, e sua dedicação aos quais podia se dedicar.

Nota 8.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Malavita - Tonino Benacquista

O que dizer deste livro...
Vejamos... Há pontos muito, muito bons, e alguns relativamente cansativos, levemente maçantes, mas que em momento algum fazem deste livro um livro chato.

O pai, mafioso,  que, pego pelos federais, foi obrigado a delatar os grandes de sua 'família', acaba obrigando toda a família (esposa e filhos) a mudar suas vidas, sob novas identidades, em um novo lugar.
E, ainda que precisem de discrição, cada um age de maneiras, relativamente,  inusitadas, fazendo as coisas ao seu bel prazer.

O livro é divertido, direto e sem enrolações.
O pai, considerado um zero à esquerda pelos filhos e pela esposa, traz dilemas interessantes,  fazendo consigo um diálogo às vezes bastante profundo.

Fazendo várias alusões ao mundo da máfia,  levando o leitor a entrar neste mundo e pensar como um mafioso, o autor faz um trabalho excepcional,  não deixando pontas soltas e, ainda, provocando a vontade do leitor a querer saber mais desta família, mais sobre a máfia e os que vivem nela ou dela.

A escrita é bastante agradável,  com um texto cheio de expressões e sacadas irônicas,  que fazem a graça da história,  sem ser pedante ou jocoso demais.

Os poucos momentos em que senti vontade de deixar a leitura de lado se resumem à monólogos extensos demais de cada um dos personagens.

Afinal, como é ser banido,  perder sua identidade e sua vida? Qual o tamanho do conflito gerado por tudo isso?

E, assim, nestes momentos, há algumas inflexões e reflexões que se excedem, mas que não tornam o livro ruim. De maneira alguma.

Foi adaptado para o cinema como A Família,  tendo como protagonistas os veteranos Robert De Niro e Michelle Pffeifer.

Recomendo a leitura.
Nota 9,5!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Os Segredos de Landara - Redescobrindo o Passado - B. Camporezi

Recém publicado pela Editora Novo Século, Os Segredos de Landara - Redescobrindo o Passado de Bruna Camporezi, autora que faz parte do projeto Novos Talentos da Literatura Brasileira.
Este projeto é bastante interessante, pois busca apresentar novos autores e, muitas vezes, boas histórias. Para quem quiser conhecer, só clicar aqui.

Catalogado como Literatura Fantástica Brasileira, a jovem autora utiliza diversos elementos conhecidos da fantasia, trabalhando-os de forma agradável e bastante interessante, explorando de forma bastante versátil os elementos tão conhecidos e explorados da Fantasia.


Ao acordar presa em uma cela, sem uma única memória de quem é o que faz ali, Laura é convocada à sala de Patrick, um lunático, louco por poder e dominação. Com o decorrer do tempo consegue escapar da prisão, ajudada por uma criatura linda pela qual cria uma admiração pouco compreendida e por um outro homem, cujos poderes são bastante interessantes. Consegue também recuperar sua memória, passando por diversas e inusitadas situações.

Em Landara, há criaturas e seres com poderes, similares aos humanos, mas diferentes e, nisto a autora surpreende com sua imaginação.

No decorrer do caminho, conhece diversas pessoas e seres e, aos poucos, traça o plano para salvar aqueles que ainda estão presos no castelo. Porém, na adversidade de sua aventura já um tanto complicada, surgem ainda mais problemas, provocando mudanças nos planos iniciais, incitando à aventura e ao desconhecido.

É possível percebermos a grande influência que a autora tem das mais diversas histórias de fantasia, principalmente de seres míticos.

Com isso, Camporezi se apropria destes e dá asas à imaginação para criar suas próprias criaturas e mitologia, em uma ilha misteriosa, Landara, que fica à deriva no oceano e que não pode ser avistada por seres humanos, mas que tem o clima variável conforme a região da Terra em que se encontra e diversas tecnologias que conhecemos bem.

Os fantásticos seres criados pela autora são tão bem descritos que passam a ser facilmente críveis pelo leitor, dando a impressão de que poderíamos facilmente esbarrarmos com um destes seres ao dobrar a esquina da rua em que moramos.

Há algumas falhas bobas na revisão do texto, que podem ter passado despercebidas na revisão, mas, no geral, a escrita é boa, bastante simples e de fácil compreensão e assimilação.

Por se tratar de uma trilogia, como a  maioria das publicações atualmente, em seu final Os Segredos de Landara - Redescobrindo o Passado tem o gancho perfeito para sua continuação, permitindo que o leitor se interesse e provocando, simultaneamente, seu interesse pela continuidade da história.

Nota 9.

Estrada da Noite - Joe Hill

Fantasmas, morte, medo...
Terror psicológico. E físico.

Joe Hill, filho de Stephen King e seguidor de seus passos na literatura de horror, nos apresenta a história de Judas Coyne, cantor de heavy metal e colecionador de tudo o que for bizarro, que, para se livrar da dor, se livrou da família. Ou do que restou dela.

De repente, uma oferta tentadora: comprar um fantasma.
Que ele aceitou prontamente, finalizando o leilão em site qualquer no momento em que bateu os olhos nele, e, ainda que não acreditasse verdadeiramente no 'fantasma', viu sua vida virar de pernas para o ar e seu terror começar.
Junto com o terror, o medo e o risco de perder sua vida.

Sem entender porquê, Jude tenta descobrir a origem e a razão para ter recebido aquela oferta e por que este fantasma lhe desejava tanto mal e, inclusive, sua morte.

Em um livro recheado de conflitos psicológicos, Joe Hill apresenta uma escrita direta, sem enrolações ou muitas explicações, as quais tenta recuperar no decorrer das páginas.

Particularmente, achei a primeira terça parte do livro "rápida" demais. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Não que isso seja ruim, mas dá a impressão que Hill quer acabar logo a história. Porém, buscando, e utilizando, as explicações que faltaram no início da história, o restante do livro se desenrola mais lentamente, ficando até mais agradável de se ler.

A história é boa, tem bom enredo e personagens e situações que sustentam esse enredo. E Hill mostra claramente a influência do pai em seus personagens.

Uma leitura gostosa, que garante bom entretenimento, assusta na medida, mas nada que um fã de Stephen King não esteja acostumado e consiga lidar facilmente. A comparação é, quase, inevitável.

O final, de certa forma, surpreende e leva o leitor a pensar que foi um bom livro. E só.

Não entra, na minha humilde opinião, no rol dos "mais mais".
Apesar disso, é um bom livro.

Nota 8.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A Donzela e A Rainha - Nancy Goldstone

Quando vi na prateleira da livraria achei bastante interessante,  mas pensei ser um livro mais fácil de ler. Apesar de ter me enganado quanto à 'facilidade' da leitura,  o livro é muito bom.


É um retrato biográfico de Joana D'arc, e sua influência,  na Guerra dos Cem Anos, influência essa compartilhada e, aparentemente,  ocorrida por intermédio de Iolanda de Aragão.
 
Os achados da autora mostram o quanto se guerreou, lutou e disputou naquele período da história e, ainda mais, o quanto era complicado ser mulher. Mulheres eram apenas trunfos políticos.  
O que se dizer então de uma mulher que desafiou uma época? 

Como não ir parar na fogueira,  afinal?


Isso não mudou muito para os dias de hoje, a diferença é que a sutileza e os jogos políticos estão mais escondidos e os trunfos se resumem a dossiês.

A narrativa é bastante envolvente,  citando trechos dos achados históricos em diversos momentos e, algumas vezes prendendo o leitor, instigando-o a continuar,  porém há também momentos enfadonhos,  em que parece que a leitura de determinado trecho está se repetindo.  


Muitos nomes iguais,  muitas alianças,  feitas e quebradas pelas mesmas pessoas, que, de certo modo cansam a vista e obrigam a uma pausa.

Ainda assim, vale a pena conhecer este lado da história destas mulheres e do seu grande, apesar de distante, envolvimento.

Nota 7,5.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Stieg Larsson

Esse é,  sem dúvida,  um dos melhores livros que já li. E olha que li muitos bons livros até aqui.


Um clássico,  que já teve duas versões para o cinema, muito bem escrito, muito vem trabalhado, co  suspense na medida certa e com revelações nos momentos exatos, fomentando a vontade de continuar a leitura a cada final de capítulo.

A história de Mikael, suas convicções como jornalista e suas atitudes são colocadas em xeque quando descobre o que foi contratado para descobrir,  ficando em dúvida sobre sua divulgação ou não na mídia.

Mikael é cativante. 


Apesar de, digamos, 'volúvel', é um personagem que prende a atenção e envolve o leitor.

Lisbeth é fantástica. 


Contra todos os aspectos e expectativas,  leva o leitor mais reservado (ou que tenha uma condição social meio 'delicada') a se identificar e se espelhar nela em diversaa ocasiões no decorrer da história. E, no final, a sentir-se triste por ela.

A história gira em torno de alguns mistérios,  inicialmente uma denúncia de um grande nome industrial sueco, depois assassinatos e uma história familiar tão complicada, que poderia figurar entre as grandes histórias de disputas de famílias reais, como as irmãs Bolena ou mesmo da família real portuguesa quando chegou ao Brasil. 


Sim,  a história do Brasil é MUITO mais rica e sórdida do que aquilo os historiadores mostram.
De qualquer maneira,  este livro apresenta uma ótima história policial, com suspense na medida certa, bem equilibrada e carregada de elementos que,  certamente,  não deixam o mais exigente dos leitores a desejar.

Ótima leitura. 


Recentemente foi divulgada informação a respeito da continuação da série,  que foi interrompida,  com três volumes,  pela morte de seu autor. Não dá para prever se será fiel ao padrão de Larsson,  ou ao seu modo de nos contar uma boa história,  mas dá,  no mínimo,  para torcer por isso. E aguardar.

A trilogia, composta ainda por A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar, é considerada uma das melhores séries policiais, sendo que todos os livros ganharam adaptações cinematográficas.

Recomendo muitíssimo. 


Nota 9,5.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Sétima Porta - Richard Zimler

O interesse por este livro surgiu no momento em que vi sua capa, e aumentou quando vi a sinopse. Uma história de vida, vivida durante um dos períodos negros da história da humanidade - O regime nazista - e tudo o que aconteceu com uma moça alemã,  seu irmão,  seus amigos e com tantas outras famílias em toda a Alemanha, quando Hitler assume o poder e instaura suas leis malucas de segregação.

Sophie,  a moça alemã,  ainda na sua adolescência,  ainda buscando sua identidade, conhece um grupo de pessoas que vai dar um rumo diferente à sua vida, onde ela aprende tanto sobre tantas coisas, inclusive a como ser ela mesma em um país onde o ódio por quem é diferente só cresce e se espalha de maneira vertiginosa.

Com um irmão diferente, podemos pensar em autismo, um pai comunista que renuncia aos próprios ideais por medo, mas que acaba, de fato mudando de lado, uma mãe que tem ciúme da própria filha e que mantém sempre seus verdadeiros sentimentos escondidos.

Se apoiando em seus desenhos e em Isaac, Sophie enfrenta muitos desafios e passa por muitas mudanças, entre elas a de se conhecer internamente e tentar, de certo modo, enfrentar os males tão presentes na Alemanha nazista.

Este livro, aparentemente biográfico,  narrado pela própria Sophie,  nos apresenta a história de uma garota ousada e cheia de ideias e de vida, que vai sendo tolhida aos poucos conforme a situação no país se agrava, tendo que enfrentar seus próprios medos, além de proteger e tentar defender e ajudar seu irmão, Hansi, que vive submerso em seu próprio universo.

Temos aqui uma visão judia dos acontecimentos,  com uma riqueza de detalhes que nos faz sentir como se vivêssemos este momento ao ler cada um dos parágrafos,  ao saber de cada uma das situações humilhantes e degradantes que essas pessoas viveram.

Apoiada na sua força,  e no seu amor pelo irmão, Sophie enfrenta e vive muita coisa, ameaças,  medo, desafios, perdas...

O autor retrata bem cada uma das situações,  onde um humor sarcástico se faz quase sempre presente, tentando se sobrepujar à dor.

A dor e todas as sensações dos personagens são quase palpáveis,  e cada um desses personagens é bem trabalhado e tem seu papel muito bem definido na trama.

Para completar, o autor traz um quê de mistério. Na busca pelo traidor que delata seus amigos, Sophie tenta desvendar este mistério,  mas se surpreende com as coisas que vai descobrindo pelo caminho. O que também acontece com o leitor, pois o final é provocativo e surpreendente, além de bonito.

É um livro que vale a pena. Uma leitura simples, mas cheia de significado,  de mensagens e de amor. Pois acima de tudo, o que fica é o amor que ela nunca deixou de sentir pelo irmão,  pela mãe e por todos os que passaram por sua vida e foram levados pelos nazistas, sem nunca poder voltar.

Nota 9,5!

domingo, 11 de janeiro de 2015

Mago : As Trevas de Sethanon - Raymond E. Feist

Finalizada a leitura do quarto volume da quadrilogia Mago e, simplesmente, foi uma das melhores leituras que tive.

A série,  escrita na década de 80 por Raymond E. Feist,  nos transporta a mundos fantásticos,  cheios de criaturas exuberantes,  bélicas,  interessantes... Chega, em alguns momentos,  a nos remeter à obra de J. R. R. Tolkien,  sendo bastante diferente e similar em diversos momentos.

Utilizando muitas das figuras fantásticas que conhecemos, como elfos,  anões e dragões,  incluindo os homens sempre presentes, o autor nos apresenta outras tantas criaturas,  originadas destas, mas com algumas singularidades peculiares.

A Magia,  sempre presente, desde o primeiro capítulo do primeiro volume, ao último capítulo do quarto,  e último,  volume da série,  é o fator chave detoda a história.  É,  além disso, o mais fantástico desta série.

Neste último volume temos, finalmente,  a conclusão da aventura iniciada em Mago: Aprendiz, onde o Príncipe Arutha passa por situações muito complicadas e imprevisíveis,  junto aos seguidores,  mas também perdendo-se no caminho.

Os personagens já conhecidos,  e alguns tão queridos dos leitores, precisam enfrentar o poder do Mal, encarnado na figura física de Murmandamus, e para isso precisarão viajar por terras longínquas e encarar perigos inesperados.

São tantas as situações vividas nesta fase da saga, e tantas delas tão surpreendentes, que a leitura flui de maneira rápida e prazerosa. E os sentimentos do leitor variam da alegria, felicidade e euforia à tristeza e decepção, alternando-se no decorrer de todas as páginas.

É um final maravilhosamente bem construído, que fecha, com chave de ouro  a história de Pug, Arutha e Thomas.

Simplesmente,  Fantástico!
Vale a pena investir tempo nesta saga.
Como leitura de fantasia, para os fãs deste tipo de leitura,  é uma obra, praticamente , obrigatória.
Nota 10!

domingo, 4 de janeiro de 2015

O Substituto - Brenna Yovanoff

Primeira leitura do ano, este é um livro simples, gostoso de ler e, apesar de ser mais juvenil,  tem uma certa intensidade que o torna interessante.

Nesta história temos elementos básicos como a Magia e o poder que a crença dos humanos tem em manter vivos os seres mágicos, o amor, nas suas mais diversas formas, e a amizade.

Mackie Doyle foi trocado por um bebê excluído. Isso acontece de tempos em tempos, em ciclos, mas os moradores da cidade de Gentry estão tão acostumados a tal situação que fingem não notar quando acontece nem comentam sobre o assunto.

Agora, uma nova criança foi trocada. E seu destino, apesar do conhecido, não é comentado em voz alta por quem quer que seja.  Mas sua irmã não aceita tal situação e se rebela contra todos. Porém,  terá uma ajuda inestimável e inesperada na tentativa de obter seu intento.

São poucos os personagens efetivamente presentes na história,  e alguns se destacam mais que outros,  principalmente os centrais: Mackie,  Roswell, Drew e Danny, Emma e Tate. Há outros, também importantes,  e que dão uma boa contribuição à história.

A Magia é algo interessante nesta história,  porque ela não é,  digamos,  a protagonista.  O protagonista aqui é o Amor e, em seguida,  a Amizade.

É isso que move a história. São as três engrenagens deste livro,  que, bem encaixadas nos levam ao submundo, às chuvas intensas e à grande desavença entre Morrigan e a Dama e o que tudo isso traz aos moradores da superfície de Gentry.

Nunca pensaria em construir um personagem como Mackie.  Me surpreendi também com o tom sombrio da história,  levando a lembrar das atmosferas criadas por Tim Burton.

Não é um livro de dar medo. Apenas de levar a pensar nas escolhas que fazemos no dia a dia e de valorizar aqueles que estão próximos,  seja uma irmã ou irmão,  um amigo de escola ou outra pessoa qualquer.

Vale a leitura.
Nota 8.