quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eu Mato - Giorgio Faletti

Suspense Policial. 


Uma bela história de suspense na perseguição a um serial killer que desafia uma das polícias mais eficazes do mundo - a Sûreté Publique de Monte Carlo.

Faletti nos apresenta uma trama de suspense muito bem construída e muito bem costurada, com bons e bem caracterizados personagens,  com profundidade inesperada para um livro desse gênero.

Sua descrição  do Principado de Mônaco,  das localidades,  das ações e das características de cada um dos personagens (e suas histórias que recebem o devido tratamento no  decorrer  das páginas) é fantástica. Um dos poucos autores a não descaracterizar seu vilão.

As cenas, muitas delas, muito bem desenhadas ao leitor, levando este a sentir-se, de certo modo,  participante da história.

A apresentação e caracterização do vilão é irrepreensível,  permanecendo neste perfil até o final do livro,  mesmo que já identificado durante a trama e citado muitas e muitas vezes.

O  autor nos deixa então uma história quase perfeita,  mas maravilhosa,  que prende a atenção desde a primeira página.

Vale cada minuto  investido nesta ótima leitura.

Nota 9,5!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Neuromancer - William Gibson

Escrito em 1984, este livro é um dos marcos da cultura  cyberpunk, tendo introduzido diversos  elementos na literatura e também colaborado muito em tudo o que vimos no cinema na década de 90 e nos anos 2000. Toda  a cultura literária recebeu influência do autor - de livros a histórias em quadrinhos.

Gibson nos apresenta um mundo pós-apocalíptico, com tantas nuances especiais que, no decorrer do denso texto, podemos ficar levemente confusos com sua temática principal: a ficção científica.

Robôs, realidade virtual, dermoimplantes, próteses e órteses robóticas, drogas sintéticas em escalas gigantescas... Coisas que, de certo modo, engatinhavam no início da década de 80 e que hoje temos a impressão de sempre ter existido.

Através de Case, um cowboy da Matrix (outra grande referência cinematográfica introduzida aqui), Gibson nos apresenta Neuromancer que, apesar da menção à necromancia, só a apresenta, em termos, nos capítulos finais, envolvendo o leitor de outras maneiras, como a dependência do cowboy e sua decadência, Molly, uma cyberninja que tem grande complexidade e provoca até certa confusão no leitor se este não estiver bastante atento ao decorrer da história, assim como outros personagens, alguns bem trabalhados como Peter Riviera e Armitage.

Alguns destes personagens são construídos de forma a "desorganizar" a história, trazendo momentos confusos que, praticamente, obriga o leitor a estar bastante atento e dentro da história, quase um participante, buscando na memória das muitas palavras já lidas sobre as referências e uma ordem lógica no texto.

E este é o grande "tchan" deste livro: não há uma lógica direta, clara, objetiva; muito aqui é subentendido, fica "no ar", porém, em compensação, é deixada ao leitor uma série de situações que ocorrem no mundo real e no virtual, se intercalando e se completando, sendo indepentes apesar da dependentes.

No final, o que fica é a impressão de que não acabou, como se instigando o leitor a buscar os outros dois volumes da Trilogia do Sprawl - Count Zero e Mona Lise Overdrive. Entretanto, podemos acreditar, com sinceridade, que isso nunca termina de fato, pois são infinitas as ideias e as buscas de cada indivíduo em sua realidade - esteja ele dentro de um livro, como seu protagonista, ou vivendo uma vida real, como seu leitor.

Nota 8,5.