sábado, 26 de dezembro de 2015

O Jantar - Herman Koch

Buscando uma leitura alternativa entre os temas mais comuns que costumo ler e, além disso, uma leitura gostosa e tranquila para este período de recuperação de energias, escolhi O Jantar, do autor Herman Koch

Encontrei, parcialmente, aquilo que buscava.

Neste livro, Koch apresenta um drama familiar que, teoricamente, seria resolvido durante um jantar num restaurante extremamente disputado pelos clientes, mas com reserva garantida para um político local super conhecido - claramente, o autor nos mostra a "corrupção" que ocorre por baixo dos panos, e que, num contexto geral bem amplo, não é considerada corrupção.

Os irmãos Lohman, Serge e Paul, e suas esposas, Babette e Claire, combinam este jantar para 'resolver' um problema em que os filhos se envolvem, que pode tomar grandes proporções, mas passíveis de penas brandas conforme as leis de Amsterdã. Apesar da brandura da pena, Paul, Claire e Babette não desejam que seus filhos sejam estigmatizados na sociedade em que vivem, o que poderia dificultar seu desenvolvimento social e profissional.

Apesar da premissa de suspense, a história, narrada em primeira pessoa por Paul, começa bem devagar, quase levando o leitor a desistir e buscar outro livro. Girando muito em torno de questões psicológicas, o autor apresenta situações delicadas no trato entre pessoas e, ainda mais delicadas, quando determinado ponto de vista não agrada ao interlocutor. Da metade para a frente, quando surgem as explicações e enfrentamentos é que a leitura flui de maneira bem agradável, fechando, magnificamente, o quebra-cabeças apresentado pelo narrador.

Há momentos dignos de uma grande história, muita ironia, até mesmo o sarcasmo aparece em determinados momentos, mas o que se sobressai desta história é realmente o quanto uma determinada situação pode provocar a fúria em alguém que não consegue se controlar, deixando impressões no leitor de que muito poderia ser diferente se os personagens não parecessem tanto com pessoas reais. E, além disso, há diversas referências cinematográficas bastante interessantes.

Acredito que o grande mote desta história é esse: mostrar uma realidade através da ficção, utilizando para isso diversos recursos que, na literatura, são bem aceitos e vistos como figuras de estilo e linguagem, pois não é sempre que alguém "explode" e a família distorce a situação.

Nota 8,5.

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