quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Sétima Porta - Richard Zimler

O interesse por este livro surgiu no momento em que vi sua capa, e aumentou quando vi a sinopse. Uma história de vida, vivida durante um dos períodos negros da história da humanidade - O regime nazista - e tudo o que aconteceu com uma moça alemã,  seu irmão,  seus amigos e com tantas outras famílias em toda a Alemanha, quando Hitler assume o poder e instaura suas leis malucas de segregação.

Sophie,  a moça alemã,  ainda na sua adolescência,  ainda buscando sua identidade, conhece um grupo de pessoas que vai dar um rumo diferente à sua vida, onde ela aprende tanto sobre tantas coisas, inclusive a como ser ela mesma em um país onde o ódio por quem é diferente só cresce e se espalha de maneira vertiginosa.

Com um irmão diferente, podemos pensar em autismo, um pai comunista que renuncia aos próprios ideais por medo, mas que acaba, de fato mudando de lado, uma mãe que tem ciúme da própria filha e que mantém sempre seus verdadeiros sentimentos escondidos.

Se apoiando em seus desenhos e em Isaac, Sophie enfrenta muitos desafios e passa por muitas mudanças, entre elas a de se conhecer internamente e tentar, de certo modo, enfrentar os males tão presentes na Alemanha nazista.

Este livro, aparentemente biográfico,  narrado pela própria Sophie,  nos apresenta a história de uma garota ousada e cheia de ideias e de vida, que vai sendo tolhida aos poucos conforme a situação no país se agrava, tendo que enfrentar seus próprios medos, além de proteger e tentar defender e ajudar seu irmão, Hansi, que vive submerso em seu próprio universo.

Temos aqui uma visão judia dos acontecimentos,  com uma riqueza de detalhes que nos faz sentir como se vivêssemos este momento ao ler cada um dos parágrafos,  ao saber de cada uma das situações humilhantes e degradantes que essas pessoas viveram.

Apoiada na sua força,  e no seu amor pelo irmão, Sophie enfrenta e vive muita coisa, ameaças,  medo, desafios, perdas...

O autor retrata bem cada uma das situações,  onde um humor sarcástico se faz quase sempre presente, tentando se sobrepujar à dor.

A dor e todas as sensações dos personagens são quase palpáveis,  e cada um desses personagens é bem trabalhado e tem seu papel muito bem definido na trama.

Para completar, o autor traz um quê de mistério. Na busca pelo traidor que delata seus amigos, Sophie tenta desvendar este mistério,  mas se surpreende com as coisas que vai descobrindo pelo caminho. O que também acontece com o leitor, pois o final é provocativo e surpreendente, além de bonito.

É um livro que vale a pena. Uma leitura simples, mas cheia de significado,  de mensagens e de amor. Pois acima de tudo, o que fica é o amor que ela nunca deixou de sentir pelo irmão,  pela mãe e por todos os que passaram por sua vida e foram levados pelos nazistas, sem nunca poder voltar.

Nota 9,5!

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