Um dos grandes clássicos da literatura mundial, A Metamorfose, de Franz Kafka, reflete muito do que vivemos socialmente nos dias atuais. Ainda que tenha sido escrito há mais de um século.
Aqui, o protagonista vive um dilema existencial, de onde passa de provedor da família a estorvo e complicador das relações familiares e sociais.
Gregor Samsa trabalha com algo que não gosta, mas que subsidia a família de forma bastante conveniente, permitindo certa liberdade nas relações entre os pais e a irmã, porém, a partir de sua metamorfose, esta conveniência escorre pelo ralo, obrigando a família a buscar alter alternativas e, desta forma, subsidiar Gregor, além de precisar suportar sua asquerosidade.
O conflito se apoia justamente na questão dos interesses, levando o leitor a questionar até que ponto o rapaz era de fato amado e respeitado pela família e também em seu local de trabalho, de onde sai um patrão muito indignado e cobrador de situações nunca antes expostas a Gregor.
A escrita do autor, apesar de embaraçada, é bastante simples, com diversos momentos de sátira aos grandes conceitos sociais, familiares e de respeito, componentes da sociedade atual e, além disso uma crítica ferrenha aos moldes econômicos do capitalismo, baseado no interesse, na produção, no lucro, enxergando o ser humano como um inseto asqueroso a partir do momento em que este já não lhe oferece o que deseja.
Com poucas páginas, é uma leitura que permite ao leitor grandes questionamentos sobre si e suas relações de toda ordem, além de garantir momentos de comicidade bastante interessantes.
Nota 8,5!