sábado, 3 de fevereiro de 2018

O Jardineiro Fiel - John Le Carre

Terceiro livro do ano: O Jardineiro Fiel, de John Le Carre

E, caso seja uma dúvida, não, não assisti ao filme. Ainda não, pelo menos.

Le Carre é um autor bastante conhecido quando se fala de seus livros. Com ótimas obras na linha de suspense, o autor tem uma escrita fluida, apesar de rebuscada, rica em detalhes e situações que podem envolver o leitor e fazê-lo prosseguir a leitura com bastante rapidez. Do contrário, isso pode também levar o leitor a desistir, pois os itens descritivos, em alguns momentos, são exageradamente hiperbólicos (desculpem o pleonasmo, mas só assim pra conseguir assimiliar isso).

Em O Jardineiro Fiel, livro lançado originalmente em 2001 e adaptado para o cinema em 2005 com Ralph Fiennes e Rachel Weisz, entre outros ótimos atores, temos uma linda e complexa história de amor e respeito.

Justin Quayle, criado para a diplomacia britânica e até determinado momento de sua vida um solteirão convicto, durante uma palestra apresentada como favor a um colega, conhece e casa-se com Tessa (Abbott) Quayle, uma mulher que acredita em si e na verdade, além de advogada que acredita na justiça acima de todas as coisas. 

No decorrer da história, e como mote principal, ocorre a morte de Tessa, brutal, desnecessária e um caso insolúvel - apesar da solução desenhada para e pela imprensa, destruindo a imagem da mulher ativista e daqueles que a acompanhavam em sua jornada.

Com a morte de Tessa e os interrogatórios, falta de informações e diversas situações conflitantes - entre elas o amor que sentia pela esposa -, Justin decide tomar para si o legado e a luta dela. Apesar das barreiras impostas, das estrondosas ameaças e diversas situações que o levavam a desistir, seu desejo de compreender o que havia ocorrido o fez continuar.

Lançando mão da então fortuna, herdada com a morte da mulher, Justin lança-se aos corredores e locais ermos e escuros em busca de respostas. Encontra algumas, esbarra em outras e, no fim, compreende o que Tessa percebia e via naquele local tão abandonado e usurpado pelo homem. 

De modo tranquilo e harmonioso, a leitura flui agradavelmente. O autor no carrega por caminhos ingleses e quenianos, nos traz amor, paz, ira, sarcasmo, esperança e, ao mesmo tempo, desesperança. É um livro denso, emocional, visceral, que contagia o leitor a cada página.

Ler O Jardineiro Fiel antes de assistir ao filme, provavelmente, vai proporcionar uma experiência bastante diferente. A descrição de Justin nos remete, de fato, ao ator escolhido para interpretá-lo, resta apenas saber se esta interpretação foi à altura do personagem de Le Carre.

Recomendo a leitura.

Nota 9,5!