quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Precisamos falar sobre o Kevin - Lionel Shriver

Esta última leitura foi um grande desafio autoimposto. Principalmente por algumas questões pessoais de crenças e condutas, como pessoa e como mãe. Como reagimos e nos comportamos em diversas situações da vida, do cotidiano e diante de adversidades.

Precisamos Falar Sobre o Kevin é um livro que fala sobre maternidade, seus louros e suas dificuldades, tanto quanto fala sobre psico ou sociopatia (eu nunca consegui entender, claramente, a diferença entre os dois, já que um, para mim, sempre leva ao outro).

Shriver nos introduz à história mostrando o cotidiano de um casal, com todos os requisitos básicos de um casal comum e nos leva aos caminhos obscuros da mente de uma mulher que está feliz, mas que sente que 'ainda falta alguma coisa'. 

E essa coisa surge: seu filho - Kevin. Com o nascimento de Kevin começam as diversas situações que são belamente descritas em cada uma das cartas de Eva - até à última delas. Deixando o leitor desolado, com um final dramático e triste, de uma relação, porém, ao mesmo tempo com o início de outra.

A percepção da ausência de sentimentos pelo filho ou a percepção da distorção destes sentimentos é algo bastante discutido durante as muitas cartas que Eva escreve para Franklin, seu marido. Ao mesmo tempo, perceber-se no filho pequeno e aceitar as muitas mudanças que a maternidade trouxe  à sua vida são grandes desafios.

A autora aborda um tema delicado de ser trabalhado, mas o mescla com um tema super comum que é a maternidade. Entretanto, o jogo da história mostra que nem só de flores são feitas as mães e o fato de haver, ou não, um determinado sentimento não define a relação de uma mãe e seu filho. Do mesmo modo, a relação entre esses dois indivíduos é permeada de desejos, sentimentos, vontades, repulsas, medos... E, feliz ou infelizmente, a sociedade mostra-se sempre pronta à julgamentos, nem sempre plausíveis ou necessários.

De modo geral, apesar dos diversos momentos de tensão, de medo e de raiva ao longo das quase 500 páginas desse livro, as emoções, dispostas de modo tão visceral em alguns momentos, conduzem muito bem o leitor, fazendo-o sentir e pensar junto com Eva a relação com o filho problemático.

É uma leitura densa, carregada de emoções das mais diversas, que provoca e nos leva a pensar na nossa conduta individual diante das diversas situações da vida, do dia a dia, como pessoa, como pai e mãe, como filhos. 

E, ainda que em alguns momentos a vontade de largar de lado a leitura se sobressaia, vale a pena insistir. A carta seguinte sempre apresenta uma novidade.

Vale cada página!

Nota 9!

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