sábado, 26 de novembro de 2016

A Tirania das Dietas - Louise Foxcroft

Essa semana tive o prazer de ler essa contextualização incrível da história das dietas. Já há algum tempo esse livro aguardava sua vez na fila.

Com base em alguns textos que li, esperava uma crítica mais ferrenha, e recebi algo muito melhor!

Louise Foxcroft, doutora em História da Medicina, aborda de uma maneira bastante sutil e imparcial todo o contexto que nos leva a buscar mudanças corporais, tantas vezes desnecessárias.

Em A Tirania das Dietas, Foxcroft nos contextualiza alguns dos momentos e motivos da necessidade de 'perder peso' e modelar o corpo. 

Ao mesmo tempo, mostra o quanto a mulher é responsabilizada pela própria "desgraça" e, consequentemente, da "desgraça" de sua família, mais especificamente, de seu marido, já que elas os "superalimentavam com a finalidade de torná-los mais dóceis, cordatos, acríticos e burros" (grifo meu).

E quando se avalia a história das dietas é impossível não citar todos os que encheram os bolsos e as contas bancárias com a infelicidade alheia, contudo, ao mesmo tempo, nunca estavam satisfeitos e as críticas se perpetuam e se repetem infinitamente - deste modo, a indústria das dietas nunca perde.

É interessante perceber o quanto as cobranças de hoje são tão similares às cobranças no século XVI e XVIII para que a mulher seja linda, bela, perfeita e seja a responsável por tudo isso por si mesma. E o quanto o comer deveria ser cuidado, avaliado, mensurado antes de ser efetivado. E, comer por prazer, jamais!

Apesar das cobranças serem, principalmente, em relação à mulher, é importante essa contextualização para entendermos que tudo o que temos hoje em termos de dietas - dos gurus aos médicos que fazem milagres e dietas com grandes limitações em grupos alimentares - se repete desde os tempos antigos, recebendo nomes diferentes, e vindas de outras pessoas, é claro.

Ao final, Foxcroft faz um balanço geral, concluindo com o que parece ser muito claro e óbvio, mas que traz resultados a longo prazo e deveriam ser mudanças em um contexto de vida, não de um momento da vida:

"[...] É um processo lento, dificultado pelo nosso hábito de recompensas instantâneas e uma luxuriante variedade de alimentos. Os psicólogos dizem que você precisa usar o 'pensamento duplo' - ser otimista quanto à conquista da meta, mas também realista quanto a alguns dos obstáculos no caminho. O que precisamos é de uma ênfase diferente, que se afaste resolutamente das noções entranhadas de fracasso e fraqueza. Não podemos e não devemos separar a história das dietas da história da saúde, mas podemos fazer algo a respeito do peso do julgamento e do estigma do pecado e da tentação. Precisamos repensar, e radicalmente, a satisfação. O que precisamos é retornar à antiga filosofia grega [...]: devemos retomar o controle e deixar de ser escravos de paixões que se revelam não mais que engodos."

Para aqueles que estudam a respeito da alimentação e, também, para os que buscam um motivo para as mudanças, esse livro é muito bom. 

Penso que todo mundo deveria ter contato com essa obra, pois assim, quem sabe, entenderemos que não é um alimento que engorda, mas o que e como ele faz por nós, indivíduos que o comemos.

Nota 9,5!

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